No meio da multidão, o objetivo é único: correr. Sem adversários, sem tempo ou competição, o prêmio é a vida, o direito de ser feliz. Ontem, a vitória pertenceu a todas as 150 crianças com problemas cardíacos, com idades entre 4 e 12 anos, inscritas na I Corrida Heróis do Coração, realizada no Colégio Santo Inácio, com organização do Instituto Incor Criança.
Na linha de partida, crianças que foram operadas e aquelas que aguardam um transplante se uniram para chamar a atenção para as doenças cardíacas congênitas. A ideia surgiu com o corredor Edgy Paiva, que realiza uma meia-maratona há uma década em homenagem ao nascimento de seu filho Davi, que passou por uma cirurgia cardíaca corretiva aos cinco meses de idade.
“A criança cardiopata, após a operação, se torna normal. Hoje, o Davi pratica futebol, basquete, natação, e tudo isso só é possível porque ele foi operado precocemente. O diagnóstico precoce é crucial. O que precisamos em nosso estado é de estrutura para operar essas crianças, pois o custo é muito maior quando estão doentes”, declarou Paiva.
Entre os participantes, um dos mais entusiasmados era Eduardo, um menino de 12 anos diagnosticado com Coração Criss-Cross. Apesar de ter passado por cinco cirurgias, ele destaca seu amor por atividades físicas, e dentro da corrida, sente-se igual aos outros.
“Amo correr e andar de bicicleta. Sinto-me um pouco diferente, mas também me sinto muito igual, pois converso com outras crianças, estudo, faço tudo. As cirurgias não me impediram de viver minha infância”, comentou o pequeno corredor.
Atenta a cada passo do filho, a mãe, Danielle Magalhães, revelou que Eduardo foi indicado para o transplante em duas ocasiões, mas a solidariedade prevaleceu dentro da família.
“Ele precisa de um tubo valvular para respirar. Tive duas oportunidades, mas doei para crianças na UTI. Como ele estava bem, preferi dar para quem estava internado”, afirmou.
Mantido por meio de doações, o Instituto Incor Criança atende mensalmente 800 crianças cardiopatas e presta assistência médica a mais de 10 mil famílias no Ceará.